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Depoimento de autores


Meu encontro com as Jornadas Nacionais de Literatura, esse extraordinário evento cultural e literário criado em Passo Fundo, ocorreu durante a 7ª Jornada, em setembro de 2007, quando tive a oportunidade de fazer uma comunicação sobre o tema do cotidiano nas poéticas de Adélia Prado e Neide Archanjo, com a presença de ambas as autoras na mesa.        O que primeiro salta aos olhos de todo visitante tão logo chega à cidade durante a Jornada é a alegria contagiante dos habitantes em torno dos livros e dos autores. O livro é amado em Passo Fundo e isso não ocorre apenas naqueles dias específicos – certamente há um longo trabalho e muito prazer em torno da literatura ao longo do ano para que se possa encontrar um clima tão acolhedor e fértil às histórias contadas e a seus contadores. Trabalho, prazer e a dança das letras - ingredientes seguros para que a festa literária de Passo Fundo possa comemorar seus férteis trinta anos!

                                                                              Vera Queiroz

 

Minha participação nos eventos literários de Passo Fundo ocorreu durante a 7ª Jornada, quando compus uma mesa com Ana Miranda e Moacyr Scliar: assim ficaram-me na memória o dia da fala, o grande espaço, o vibrar de uma humanidade outra ao redor do livro, ao redor do fogo do livro. Os dias ali estavam de serena e ardorosa alegria, e eu podia reconhecê-los; vi-me na foto há tempos, em livro da Jornada — uma juventude clara e alegre como o lugar e o acontecimento. Isso na foto, pois na época estava triste. Essa lembrança encontra-me em estado de graça, em estado da mesma graça de todo aquele evento, em seus passos fundíssimos e já com trinta iluminados anos.

                                                                            Roberto Corrêa dos Santos

 

A Jornada Literária é o que de melhor acontece neste país há trinta anos. Lembramos sempre, com emoção, nossa participação. Sábato e eu ficamos impressionados com a organização e o comparecimento e interesse dos estudantes.  Saímos com a impressão de que, sim, este país tem saída. Os jovens presentes, que pediam autógrafo com olhos, às vezes marejados, outras, brilhantes de curiosidade, certamente vão ajudar a construir um país melhor. Palmas para a Jornada. Palmas dobradas para Tania Rösing. Votos de que comemore cem anos.

                                                  Edla van Steen e Sábato Magaldi

 

Sou admiradora das Jornadas Literárias, desde sempre. É um dos mais belos e importantes projetos culturais de nosso país, que vem dando frutos em todas as esferas culturais. Foi emocionante para mim participar da Jornada, debaixo de uma imensa lona de circo, diante de milhares de pessoas que haviam realmente lido os livros dos autores convidados, fazendo-nos as perguntas mais compreensivas e bem-humoradas, e, também, estar ao lado de colegas tão queridos e admirados por mim. Foi uma experiência inesquecível. Tania Rösing e toda a sua equipe estão de parabéns pelos trinta anos de trabalho incansável e exemplar.

                                                                        Ana Miranda     

 

Nunca mais somos os mesmos, depois de uma Jornada de Literatura em Passo Fundo! A festa de leitura nunca para de começar! Em cada livro que abrimos. Em cada olhar atônito diante da mágica das palavras. Em cada sopro de alento que fica enchendo de vida nossos vazios, como se um Deus dos Livros e da Leitura, Todo Poderoso, soprasse em nossos olhos e dissesse: Faça-se a luz! E a luz é exatamente essa força transgressora, esse rastro luminoso, que fica “holografando” as pessoas depois que a Literatura, ali, lhes marca para sempre. Graças à Jornada, que nos há dado tanto!

                                                                                  Celso Sisto

 

                                                                           A cidade mais literária do país

Em 1997, recebi um exótico convite para participar de uma espécie de mesa-redonda lá nos interiores do Rio Grande do Sul.  Pelo telefone ofereceram um cachê razoável para falar sobre o acadêmico tema de “Literatura e futebol”.  As condições de viagem e hospedagem eram perfeitas.  Tudo muito bem organizado.  Tão organizado, até, que fui ficando desconfiado.

O convite encheu meu ego de orgulho, mas no fundo, no fundo, achava improvável a existência de tamanha demanda por uma palestra minha sobre um assunto desses num lugar daqueles.  Está certo, quem tinha sido convidado, na verdade, era o Mário Prata, o célebre e requisitado cronista das quartas-feiras no Caderno 2.  E, como ele não podia participar, me indicou.  Coisas de compadre.  Mas, mesmo assim, era um pouco demais.  Havia algo de errado naquela foto, pensei.

Por incrível que possa parecer, isto tudo acontece de dois em dois anos.  Dezenas de escritores vão ao encontro de milhares de pessoas no interior do Rio Grande do Sul.  É a famosa Jornada Literária de Passo Fundo, que já está na 14ª edição.

É coisa de Primeiro Mundo, dirão.  É muito mais que isso, responderia eu.  Nunca vi nada parecido em lugar nenhum.  Loyola escreveu certa vez: “Estive no ano passado na Feira de Frankfurt, que é a maior feira do mundo.  Eu vi autores celebérrimos e famosíssimos na feira falando para  40 ou 50 pessoas.  Eles jamais poderiam imaginar um escritor falando para 2 mil ou 3 mil pessoas.  Isto é uma coisa incrível.  Eu gostaria que os pessimistas, os escritores pessimistas, que vivem se lamentando e reclamando a todo momento dizendo que “nada vai para frente, que nada acontece, que não se lê, viessem a Passo Fundo.  Este circo é o circo em que a gente vai domar o pessimismo”.

                                                                                                    Matthew Shirt